Não me vendo e não me rendo
Por Adeli Sell
No passado remoto, duvido que um político diria uma frase destas. As pessoas tinham posições político-ideológicas, mas não se guiavam por pressões, lobbies, por financiadores de campanha, nem compravam apoiadores e assessores, nem se vendiam.
Hoje, eu me obrigo a dizer com todas as letras que sou um político que “não se vende e não se rende”. Sou pressionado o tempo todo a mudar de partido. Por que mudaria? Só porque houve percalços no caminho dele? Ou porque alguns se desviaram do rumo certo? Seria diferente nas outras legendas? Prefiro ficar na sigla que estou desde o primeiro momento. Minha primeira ficha foi no PT no ano de sua fundação: 1980.
Meu nome já circulou várias e várias vezes como um bom nome para disputar a Prefeitura. Foi assim em 2008, e agora volta com força mais uma vez. Serei se esta for a posição do partido. Posso até não conseguir maioria, mas não farei nada que fira a ética para ser candidato a prefeito ou seja lá o que for.
Não farei nada contra os princípios éticos para acertos ‘por cima’ com outros partidos políticos. Todos os acordos, as possíveis alianças, serão na base da política, do programa de governo, sempre com respeito ao povo, aos princípios da ética, da democracia e da participação cidadã.
Agora, não posso deixar de entrar no cotidiano da política. O que a gente vê nos dias atuais é de corar. Gente que era de um governo X, com cargo de confiança, quer ficar no governo Y. Se desfiliam do partido que estava no governo para entrar noutro que está na base do novo governo. Outros dizem, sem vergonha, que sempre foram do nosso partido ou de um partido aliado, e que estavam no outro governo porque são apenas bons técnicos. E não se trata de ser inflexível ou contra mudanças. Os movimentos a que me refiro aqui são outros.
Tem argumento para tudo. Como estas pessoas educam seus filhos e netos? Como aparecem para as pessoas que convivem com elas? Existem lideranças sociais de todos os tipos que a cada eleição estão com um partido diferente. São verdadeiros “cabos eleitorais”, serviçais de quem paga ou de quem paga mais. Trocam de partido e de candidato como se troca de camisa.
Isto acontece porque o político que compra um passe é tão igual ou pior do que o “assessor” ou “líder” que se vende. Ou não? É como o ladrão e o receptador. Um não existe sem o outro. É como o corrupto e o corruptor. Um também não existe sem o outro.
E tem aqueles políticos que fazem “acordos” para receber apoios. Depois em seguida se esquecem e partem para sua trilha por cima de quem abriu outro caminho para eles.
É por isso que faço esta reflexão e me pergunto: para onde estão indo os princípios? A política está tão vulgarizada que a gente chama tudo isto de “trairagem”. Coitadas das traíras que são um peixe esperto que tenta se salvar enganando o pescador. Como não estamos tratando de pescaria, por favor, permitam-me não apenas colocar aqui minha indignação, mas chamar para um debate sério e quiçá a voltarmos a ter um dia em que nenhum político possa falar que “não se vende e não se rende”.
-Do Sul 21
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