Entrevista com o vereador Adeli Sell
Leia, à seguir, os principais trechos da entrevista que o vereador Adeli Sell, presidente do PT de Porto Alegre, recentemente concedeu à jornalista Tatiana Feldens, do Portal do PT/Poa:
PT-POA – Como surgiu o PT na tua vida?
Adeli Sell - Sou um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Pertencia a um grupo político chamado Liberdade e Luta. Era uma tendência estudantil de raiz trotskista e que tinha uma série de questionamentos sobre a formação do PT (...) Felizmente essa concepção durou pouco tempo e como todos os bons trotskistas, o grupo resolveu fazer entrismo dentro do PT. Participei desde o início da Direção do Partido. Por 15 anos integrei a Executiva Estadual do PT. Fui Secretário de Organização por 2 vezes, Secretário de Comunicação, Secretário de Assuntos Institucionais e Secretário-Geral do partido. Em 1996, decidi sair da Executiva para tentar a vida no legislativo. Me elegi na primeira tentativa de ser vereador em Porto Alegre, fazendo mais de 6 mil votos. De lá para cá concentrei minha atividade na cidade. Eu nunca havia sido dirigente do PT local e estar a frente do PT de Porto Alegre é um grande júbilo.
PT-POA – Qual a razão de sair da esfera estadual e optar por comandar o partido no município?
Adeli Sell – Meu foco já estava voltado para Porto Alegre, por ser vereador, por trabalhar as questões da cidade. Acho que a possibilidade legislativa de um vereador é muito superior a de um deputado estadual. Além disso tudo, me considero um profundo conhecedor dos problemas de Porto Alegre e visualizo um conjunto de soluções para a cidade, como demonstrei recentemente com o lançamento do meu livro “Porto Alegre, a modernidade suspensa”, onde traço um panorama de Porto Alegre: como é atualmente, como já foi, os seus conflitos e quais são as perspectivas para o futuro. Além do mais, não escondo de ninguém o meu desejo de um dia ser prefeito desta capital.
PT-POA – Tu és natural de Santa Catarina e muito cedo decidiu vir para Porto Alegre. Como surgiu esse amor pela cidade? Foi difícil a adaptação?
Adeli Sell – O amor por Porto Alegre surgiu logo no início, quando cheguei aqui. Claro que sofri um choque cultural muito grande. Migrei na década de 70 de uma cidade muito pequena, rural, do interior de Santa Catarina para uma metrópole em crescimento. Vivenciei o grande boon da construção civil, me envolvi com os movimentos sociais da cidade e, em 1979, comandei a grande greve da construção civil, a maior greve da história dos trabalhadores do Rio Grande do Sul.
PT-POA – Tu já estás completando quase 16 anos no legislativo. Por outro lado, teve uma breve experiência no Executivo como secretário da Smic. Poderia-se dizer que tua praia é mesmo o legislativo?
Adeli Sell – Gosto muito do legislativo. Me encontro bem por aqui, sei navegar nos momentos de dificuldade, sei como entrar nesse mar revolto que é o legislativo, e também sei surfar nos bons momentos. Mas eu tenho uma paixão muito grande pelo Executivo. Nos meus curtos 15 meses no comando da Smic pude me dar conta de que sou um Executivo por vocação, também. Acho que não são incompatíveis as atividades legislativas e de executivo, mas eu gostaria de voltar, mais dia ou menos dia, para o Executivo municipal, pois ali você pode concretizar muitas coisas que apenas propomos aqui na Câmara como legisladores.
PT-POA – Esse seria um objetivo de curto, médio ou longo prazo?
Adeli Sell – Se as forças e a conjuntura política me ajudarem será de curto prazo. Eu não posso esconder isso do meu partido de que gostaria de ser o candidato à prefeito. Mas isso vai depender do partido. Respeito profundamente as instâncias partidárias. Respeitei decisões democraticamente tomadas pela sigla. Gostaria de ter sido, neste ano, o presidente da Câmara Municipal de Vereadores. Mas as injunções políticas no início desta legislatura colocaram a minha colega e amiga Sofia Cavedon como a presidenta. Aceitei. Articulei, inclusive, para que parassem as tentativas de puxada de tapete, como se diz, por que eu acho que as decisões partidárias devem ser respeitadas.
PT-POA – Como tu analisarias as tuas chances, hoje, dentro do partido para concorrer a uma vaga ao Executivo?
Adeli Sell – Depende muito da conjuntura política e das relações com os outros partidos, por que nós estamos em uma aliança tanto em nível Federal como Estadual. Estamos com os partidos aqui que nós chamamos de Unidade Popular – PSB, PCdoB e PPL – e temos também relações históricas com o PRB, que está coligado conosco em nível nacional. Com esses partidos nós vamos dialogar preferencialmente no próximo período. Nós, evidentemente, temos relações históricas com o PDT, que compõe o governo do Estado conosco, mas não posso esquecer que o PDT, por injunções da renúncia do prefeito José Fogaça, do PMDB, acabou assumindo a prefeitura de Porto Alegre. Temos um profundo respeito pelo atual prefeito José Fortunati, mas achamos que a composição do seu governo destoa daquilo que nós queremos da Porto Alegre de hoje e do futuro: que é um governo mais dinâmico, mais ousado, um governo que supere a paralisia que a cidade vive hoje. Nós temos um grande problema na execução dos serviços, as secretarias parecem ser um governo a parte, os secretários não se entendem. Acho que o prefeito está fazendo um esforço muito grande, mas ele sozinho não será o salvador da pátria. Acho que ele pode ter problemas, caso venha a disputar a reeleição. Na minha avaliação, ou não soube, ou não teve as condições políticas para nesse ano de 2010, com o resultado eleitoral em nível estadual e federal, fazer as mudanças que nós acreditamos que ele deveria ter feito para poder compor conosco uma aliança nas próximas eleições. Eu começo a ver isso numa forma muito distante.
PT-POA - Há, também, outros partidos em disputa, como é o caso do PTB, não é?
Adeli Sell – Sim. Mesmo que eles estejam no atual governo municipal, o partido esta conosco em outras instâncias e isto facilita uma aliança. O futuro ainda está em aberto, mas nós estamos jogando pesado para que o PT se fortaleça e o meu objetivo, como presidente do PT, não é ter como pressuposto a minha candidatura ou a de qualquer outro companheiro, mas é o fortalecimento das instâncias partidárias. Por isso que eu tenho insistido tanto no empoderamento das zonais, das setoriais e dos núcleos de base. Queremos fazer filiações qualificadas, por isso estamos montando na sede do PT uma grande biblioteca, que será a menina dos olhos do Diretório Municipal nesta gestão. Nós queremos que as pessoas possam ter acesso à leitura. Temos uma grande dificuldade de debate hoje no PT, já fomos melhores neste particular. Estamos remodelando o site partidário, para que ele seja um veículo de fácil leitura diária e também de permanente atividade junto ao militante. Nós estamos criando as estruturas físicas da sede para que possamos fazer entre 6 e 7 reuniões concomitantes. Estamos finalizando o nosso pequeno centro de eventos nos fundos da sede para fazer atividades culturais e de arrecadação de fundos.
PT-POA – Como foi assumir a presidência do PT em Porto Alegre? Em quais condições tu encontraste a sede e a estrutura do partido na cidade?
Adeli Sell – Nós assumimos a sede municipal e o Diretório com grandes dificuldades financeiras. Perdemos as eleições de 2004 e 2008. Dessas derrotas eleitorais, permaneceu uma dívida astronômica. No entanto, ela esta sob controle, está sendo gerenciada e paulatinamente estamos cumprindo com os nossos compromissos. Hoje, estamos dando uma nova cara para a sede municipal, fazendo as reformas necessárias, colocando-a em condições de receber nossos filiados. Por isso a remodelação da nossa loja, a criação do cyber café, a biblioteca e o centro de eventos.
PT-POA – Essas mudanças podem, de alguma maneira, ser reflexo desse aumento de filiações partidárias?
Adeli Sell – Não tenho dúvidas de que a procura se dá por várias razões. Uma delas diz respeito ao fator visibilidade, dada a vitória em nível estadual e federal. Outra corresponde, sim, às mudanças estruturais e físicas do nosso espaço.
PT-POA – Como tu avalias o papel do Diretório Municipal nas campanhas vitoriosas de Dilma, Paim e Tarso?
Adeli Sell – Acho que a militância teve um papel fundamental nessa eleição. A campanha do Paim, da qual tive o privilégio de ser o coordenador geral, só foi vitoriosa por que a militância atendeu o nosso apelo de que a campanha poderia correr riscos e nós poderíamos perder esse posto no Senado da República. A mesma coisa ocorreu nas vitórias do Tarso e da Dilma. Foi uma luta pesada, porque nós vínhamos de derrotas, mas dessa vez fomos vitoriosos em todos os sentidos: elegemos a Dilma, o Tarso e o Paim e um número significativo de deputados estaduais e federais. (...)
PT-POA – Paralelo a esse trabalho na direção partidária, tu tens teu mandato na Câmara. O que tu planejas para o ano de 2011?
Adeli Sell – Tenho como perspectiva aprofundar a minha intervenção com os temas universais da cidade. Falo da mobilidade urbana, da estética da cidade e da sustentabilidade ambiental e cultural. Quero também adentrar na economia solidária, voltando meu olhar para as pessoas excluídas socialmente, assim como na proteção aos animais.
PT-POA – Tu já publicou vários livros. O mais recente, “Porto Alegre, a modernidade suspensa”, lançado no ano passado, abordou a temática da cidade. Tens algo em vista para o ano que vem?
Adeli Sell – Meu projeto é escrever um livro sobre o PT. Será um livro de reflexões sobre a história cotidiana do partido. Quero contar como era ser um dirigente partidário no passado, quando o partido não tinha dinheiro. Só viajávamos de ônibus. Tempos difíceis que hoje muitos militantes desconhecem. Será um livro contra a presunção, contra o salto alto. Será um livro a favor da humildade e da generosidade dos militantes anônimos que construíram a história do Partido dos Trabalhadores. (...)
*Foto acima: Adeli discursa no comício em comemoração à vitória de Tarso e Dilma (1° turno), em frente à sede do PT, em Porto Alegre.
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Adeli visita Recanto das Pedras, um pedaço de interior em plena capital
Além de participar da abertura da 21ª Festa da Uva, Ameixa e Melão, o vereador Adeli Sell aproveitou o tempo bom deste sábado, 8/01/11, para percorrer propriedades dos Caminhos Rurais, na zona sul de Porto Alegre. Dentre as visitadas, o sítio Recanto das Pedras.
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Adeli visita Recanto das Pedras, um pedaço de interior em plena capital
Sítio de Bernadete produz uvas rose, branca e preta |
Localizado na Lomba do Pinheiro, a propriedade é um pedaço de interior em plena capital dos gaúchos. Com 2,5 hectares de muito verde, o local tem espaço suficiente para abrigar cavalos, patos, ovelhas, bois, vacas, galinhas, gansos, além de onze cães.
A produtora rural e proprietária do espaço Bernadete Alberici conta que o foco do projeto no sítio é o café rural, as oficinas de comida natural e a horta pedagógica.O café rural pode ser servido para até 30 pessoas e é feito apenas com o que é produzido no sítio: leite, sucos, geléias, pães, etc.
Para o vereador, o Recanto das Pedras é um exemplo de trabalho na área da alimentação e do turismo rural. “O Sitio promove o respeito ao meio ambiente, atividades turísticas e a integração dos espaços urbanos e rurais da cidade. Além disso tudo, oferece muita beleza e é um exemplo de trabalho na área da alimentação, com comida típica e orgânica”, afirma Adeli.
Caminhos RuraisAtualmente são 41 propriedades de agricultura familiar e agroecológica, que estão com as portas abertas para receber a comunidade de Porto Alegre e todos que desejam conhecer o projeto. A rota dos Caminhos Rurais surgiu em 2005, através da Secretaria Municipal de Turismo, e hoje já conta com a Associação dos Caminhos Rurais, criada em 2006, e parceria da Emater, Senar, Sindicato Rural, Smic e prefeitura de Porto Alegre. Para mais informações, visite o site Caminhos Rurais.
End: João de Oliveira Remião, 2220, Bairro: Lomba do Pinheiro
Telefone: (51) 3319-2207 / (51) 9948-6150
E-mail: recantodaspedras.poa@gmail.com
Site: sitiorecantodaspedras.blogspot.com
*Por Tatiana Feldens – Assessoria do Vereador
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